Imposto de Renda e decisões estratégicas na carreira do dentista

por | abr 12, 2016 | Contabilidade, Gestão Financeira, Imposto de Renda, Planejamento | 0 Comentários

O mês de abril tem uma característica importante no planejamento da carreira do dentista como pessoa física. Trata-se do mês em que deve ser entregue ao governo a declaração de imposto sobre a renda referente ao trabalho do ano anterior. Uma das oportunidades que o dentista tem neste período do ano, é poder avaliar como foi seu desempenho profissional no ano anterior e diante dos números registrados na declaração tomar algumas decisões baseadas no pensamento estratégico em odontologia. Mesmo que este serviço seja terceirizado para um profissional de contabilidade, o dentista é o responsável pela emissão das informações, a mais que isso, tem a obrigação de conhecer e saber interpretar sua declaração de Imposto de Renda de Pessoa Física – IRPF.

Perguntas:

01)  Você faz sua declaração de IRPF?

02)  Você sabe se o modelo de sua declaração de IRPF é o completo ou simplificado?

03) Você tem impresso suas fichas de declarações de IRPF, recibos e entrega e DARFs  de anos anteriores?

04)  Você sabe quanto do preço de seu serviço é para pagar seu IRPF?

O dentista em sua função de Gestor de seu Negócio tem a obrigação de usar seu IRPF como uma ferramenta poderosa para construção, avaliação e ressignificação de sua carreira. Existem dois campos de preenchimento de informações financeiras que proporcionam ao dentista esta possibilidade de reflexão:

– Rendimentos Tributáveis recebidos de Pessoa Jurídica

– Rendimentos Tributáveis recebidos de Pessoa Física

No campo Rendimentos Tributáveis recebidos de Pessoa Jurídica são lançados, por exemplo, receitas de empregos públicos e de planos odontológicos (convênios). Estas informações são fornecidas pelas fontes pagadoras com CNPJ. Se este é o seu caso, se você tem estes tipos de rendimentos, cabe a primeira reflexão poderosa para sua carreira e para gestão de seu consultório. No caso de um emprego público, feriados, férias, ociosidade da cadeira, falta dos pacientes, interrupções de atendimentos por diversos motivos, ausência de custos fixos e variáveis e estabilidade no emprego estão a favor do dentista. No caso de planos odontológicos, o cenário é oposto, todos os custos fixos e variáveis são pagos pelo dentista, não se tem receita sem presença física no trabalho (Dentista Executor), a ociosidade torna-se um custo predatório, as glosas constantes por parte das operadoras também interferem de forma negativa no resultado e o preço praticado em muitos casos não cobre custos

Sugiro que você segmente estas receitas e de forma estimada divida o total que você faturou em cada uma delas pela quantidade aproximada de horas dedicadas a cada tipo de rendimento. Lembre-se de descontar do total de horas no emprego público as férias e feriados, e no caso de planos odontológicos, incluir as horas de consultas canceladas sem reposição. Outro ponto fundamental nesta conta é compreender que no emprego não se tem “custos de consultório” e no caso de planos odontológicos existem custos para executar o serviço no consultório. Desconte os custos para execução do serviço (custos fixos e variáveis do consultório).

Será uma conta numa série histórica anual (ano calendário 20XX) e mesmo que de forma estimada, fornecerá uma média de receita por hora trabalhada. Este resultado de faturamento por hora é conhecido como TICKET MÉDIO. Cabe então a pergunta: De forma estimada, quanto você ganha em média por hora trabalhada (TICKET MÉDIO) quando trabalha no seu emprego e para convênios? No caso de dentista que atendem diversos convênios esta análise é muito importante para se avaliar quais serão mantidos e em quais a relação contratual deverá der interrompida.

O campo Rendimentos Tributáveis recebidos de Pessoa Física é realizado com base no carnê leão, que agora exige o registro de CPF do responsável pelo pagamento e o CPF do beneficiário do serviço. Este procedimento de emissão de recibos exige um atualizado, correto e preciso cadastro de clientes e controle de pagamentos. O carnê leão é um procedimento obrigatório para apuração de imposto sobre a renda. Uma vez utilizado como rotina nos consultórios, além de reduzir riscos de se cair numa malha fina, tem um poderoso papel na gestão de custos em odontologia e na tomada de decisões no negócio. Nele são registradas as receitas conforme a emissão de recibos. No caso de pagamentos parcelados, devem ser lançados no carnê leão conforme creditados na empresa. No carnê leão são lançadas como deduções, por meio de livro-caixa despesas prediais como aluguel, IPTU, luz, telefone, internet, despesas com RH como secretárias, ASBs, serviço de contabilidade, despesas com material de consumo, laboratórios, material de limpeza, taxas de CRO, etc. Guarde todas as notas e recibos de contas que você paga em seu consultório. Estas contas devem estar no seu nome para correta inclusão mensal no carnê leão. Assim como nos rendimentos de pessoas jurídicas, calcule o TICKET MÉDIO de seu consultório para clientes particulares. Mais uma vez, e por estimativa, divida o total faturado no consultório pelas horas dedicadas a prestação do serviço. Assim como nos planos odontológicos, desconte os custos para execução do serviço (custos fixos e variáveis do consultório).

Calcular estes TICKET MÉDIOS é uma tarefa que pode parecer difícil e complexa quando pensamos em uma precisão “cirúrgica” nos resultados. Por isso usei a palavra estimativa. Neste caso, no lugar de uma busca precisa e muito complexa dos dados, faça uma análise mais rápida e objetiva destes números. Por exemplo, a contagem de horas pode ser feita de forma visual rapidamente em sua agenda. Um exemplo pode ajudar agora:

Um dentista que trabalha num consultório próprio, tem um emprego público de 04 horas dia (meio expediente com salário de R$ 2.500 mês/R$33.333,00/ano), atende três planos odontológicos e pacientes particulares. Por estimativa foi calculado um total de 800 horas presenciais ano para o emprego público (200 dias – descontados férias e feriados) e 800 horas ano de consultório (horas trabalhadas + horas canceladas sem aviso) sendo 200 para cada convênio odontológico (A, B e C) e 200 para clínica particular. As receitas do emprego, do consultório e os custos hora do consultório estão apresentados na tabela a seguir:

tabela

Neste momento, mais importante que discutirmos as variáveis que podem interferir no cenário apresentado na tabela é podermos constatar a possíveis diferenças nos resultados estimados conforme a fonte de rendimento. Dentro da gestão de custos em odontologia, temos o imposto como um componente importante para tomada de decisões. Saber seu impacto na formação de preço e fazer um correto planejamento tributário podem ajudar muito na condução de seu negócio e de sua carreira.

IRPF – Informações no site da Receita Federal 

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Flávio Ribeiro

Coach e Consultor PenseFar Coaching Financeiro; Master Coach e Analista Comportamental pelo Instituto Brasileiro de Coaching com certificação pela European Coaching Association – ECA e Global Coaching Community – GCC; MBA Executivo Gerência de Saúde pela ISAE FGV; MBA Gestão de Serviços de Saúde pela UFF–RJ; Graduado em Odontologia; Mestre em Gestão e Economia da Saúde na UFPE.

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