Ociosidade: Um custo implícito, variável e predatório

por | maio 22, 2016 | Gestão Financeira, Odontologia, Planejamento | 0 Comentários

O tema de hoje é sem dúvida um dos maiores desafios em muitas clínicas odontológicas em nosso País: a ociosidade. Mas de qual ociosidade estamos falando? Trata-se da ociosidade da cadeira odontológica quando no momento em que deveria estar sendo ocupada por um cliente, encontra-se desocupada pela não marcação de uma consulta, ou pior, quando um cliente que agendou um horário simplesmente não comparece. Uma das características de uma consulta odontológica é a perecibilidade. Isso mesmo, uma consulta odontológica quando não preenchida jamais poderá ser recuperada. O que deverá ser feito é uma nova consulta, com novos custos para realizar a prestação de serviço. É como uma maçã, se não a comemos, ela apodrecerá, será descartada e outra maçã deverá ser consumida.

Ociosidade como custo implícito: Se após calcular o preço de sua hora clínica você define um preço de R$ 100,00 por hora de atendimento e você não realiza o serviço, estes R$ 100,00 que não foram faturados em função da ociosidade deverão ser recuperados, rateados pelas outras consultas realizadas. Não atendeu, mas custou. Faz sentido para você?

Ociosidade como custo variável: Uma das frases mais poderosas e de impacto em meus cursos é: “A ociosidade é um custo variável”. Lembrando que ao contrário dos custos fixos, os custos variáveis estão ligados diretamente a produção, serviço realizado ou hora vendida. Portanto, quando praticamos uma correta gestão de custos em odontologia devemos computar a ociosidade na precificação de um serviço. Veja o quadro seguir para melhor compreensão onde foi definido um custo fixo mensal de R$ 16.000,00 e uma capacidade instalada (quantidade máxima de produção) de 160 horas que equivalem a oito horas por dia multiplicadas por 20 dias úteis por mês:

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O quadro simula um clico mensal de avaliação, mas quando aplicamos o pensamento estratégico em odontologia, preconiza-se o planejamento de custos de forma anual. Fazer o cálculo do custo de ociosidade e conhecer seu impacto no custo final do serviço é fundamental para as empresas. A intenção positiva neste exemplo foi facilitar a reflexão.

Ociosidade como custo predatório: Segundo Peter Drucker um dos principais objetivos de uma empresa é gerar consumidores. Gerar e manter. Tal fato deve-se ao entendimento do quadro anterior. Vamos imaginar que um Dentista pratica o Preço de R$ 100,00 por hora de prestação do serviço e tem uma taxa de ocupação de 50%. Neste caso ele venderá 80 horas e terá um faturamento de R$ 8.000,00.  Muitos Dentistas ainda calculam seus preços de serviços dividindo custos por horas possíveis (capacidade instalada) e se esquecem de calcular o preço real baseado nesta ociosidade. Lembrando que nem sempre podemos ratear esta ociosidade na precificação tendo em vista as situações mercadológicas. Seria muito bom se fosse assim:

– Sr. Cliente, meu custo é de R$ 16.000,00 por mês e neste mês só atendi você, portando vou ter que te cobrar R$ 16.000,00 para hora que te atendi. Traga outro paciente que aí ficará R$ 8.000,00 para cada um de uma próxima vez.

Lamento pessoas, mas isso não rola……

Portanto, se você tem um consultório ou uma clínica odontológica e tem a ociosidade como um custo implícito, variável e predatório, que tal buscar alternativas para reduzi-la? Que tal firmar parcerias colaborativas locando turnos, trazendo profissionais para trabalhar por produção (remuneração variável). Encare este desafio se for o seu caso e trate seu consultório como uma empresa que deve dar resultados financeiros com e sem sua presença física nele. Fomos graduados como o pensamento míope que ganhamos dinheiro apenas quando estamos de luvas e atendendo um paciente. Convido-os e provoco-os a refletir sobre isso. Preparem-se, pois, este paradigma infelizmente ouvido nas graduações é o que definirá a permanência ou não de sua carreira e sua empresa no presente e no futuro.

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Flávio Ribeiro

Coach e Consultor PenseFar Coaching Financeiro; Master Coach e Analista Comportamental pelo Instituto Brasileiro de Coaching com certificação pela European Coaching Association – ECA e Global Coaching Community – GCC; MBA Executivo Gerência de Saúde pela ISAE FGV; MBA Gestão de Serviços de Saúde pela UFF- RJ; Graduado em Odontologia; Mestre em Gestão e Economia da Saúde na UFPE.

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