No texto anterior comentei sobre as expectativas de Dono de uma clínica em relação aos resultados financeiros em função de parcerias em serviços de preços baixos, preços que na grande maioria dos casos não contemplam um resultado saudável para a clínica. Segue o link do texto: http://blog.dentalcremer.com.br/odontologia-de-r30-um-modelo-de-negocio-arriscado/
Neste texto falo de Dentista Executor, ou seja, aquele que, sendo dono ou não do negócio, atua como executor de procedimentos e deve ser sempre remunerado por sua produção. Basicamente, este pagamento como Executor deve contemplar o planejamento de finanças pessoais do Dentista, tendo em vista que a grande maioria não é dona de seu próprio negócio.
Temos vários modelos empíricos, na maioria dos casos, mas alguns pontos devem ser observados no momento de se definir o pagamento. O modelo de pagamento baseado em percentual tem sido o mais usado, apesar do Pensamento Estratégico da PenseFar sugerir que o modelo de pagamento por valor fixo serviço realizado. A facilidade no controle de pagamento do Executor e a desvinculação do pagamento de Executor do preço cobrado justificam este pensamento.
Sugiro que algumas perguntas sejam feitas pelo Executor no momento de sua contratação:
– Qual o percentual que será pago? 30%, 40%, 50%, 60%…….
– Como fica a parte tributária e a venda parcelada por meio de cartão?
– A clínica tem demanda de clientes suficiente para cobrir meu tempo na clínica?
– Qual o preço médio cobrado por serviços de clínica geral (teoricamente os de maior demanda numa clínica)?
Com estas perguntas é possível dimensionar se a expectativa de ganho financeira será suficiente ou não. Aí cabe ressaltar que o Dentista deve saber estimar quanto ele precisa para bancar sua vida pessoal.
Vou aplicar na simulação a seguir um percentual de 40% como referência para se medir o POTENCIAL DE PRODUTIVIDADE MENSAL e ANUAL (guarde este conceito!) de um dentista Executor numa clínica em função do preço praticado.
A PenseFar entende que o pensamento anual é a forma correta de se planejar, mas para entendimento mais prático usaremos o pensamento mensal.
Vamos lá para as contas!
Em termos de horário comercial, um Dentista que trabalha 08 horas por dia, vinte dias úteis por mês tem pode oferecer 160 horas mês de trabalho. Mas estas 160 horas não acontecem todos os 12 meses do ano, daí a importância fundamental do PENSAMENTO ANUAL. Para alinharmos este raciocínio anual ao mensal, vamos descontar destas 160 horas mês, 30% referentes a férias, feriados, falta às consultas, glosas e retrabalhos, ou seja, fazer a conta mensal sem descontar estes sugeridos 30% provocam erros graves no planejamento. Com isso, descontando 30% de 160 horas teremos então como uma CAPACIDADE INSTALADA de 112 horas mês.
A PenseFar entende que o maior erro na gestão de um consultório é o pensamento mensal como calibrador de decisões!
Convido você leitor a aplicar estas contas em seu modelo de negócio. Usarei como parâmetro serviços de R$20,00 e de R$200.00 realizados em 30 minutos que transformam a CAPACIDADE INSTALADA em serviços para 214 serviços por mês (112 horas x 2 serviços por hora)*:
A – PREÇO | R$ 20,00 | R$ 200,00 |
B – PERCENTUAL DE PAGAMENTO 40% | R$ 8,00 | R$ 40,00 |
C – CAPACIDADE INSTALADA EM SERVIÇOS | 214 serviços por mês | |
D – POTENCIAL DE FATURAMENTO MENSAL ( = A x C) | R$ 1.712,00 | R$ 8.560,00 |
E – POTENCIAL DE FATURAMENTO ANUAL (= D x 12) | R$ 20.554,00 | R$ 102.720,00 |
As contas feitas acima têm papel fundamental no planejamento financeiro e de carreira de um Dentista. Talvez, talvez, num começo de carreira, numa curva de aprendizado, para um Dentista que tem um custo pessoal menor a coluna de R$ 20,00 possa ser suficiente, por outro lado, conforme o tempo for passando possa não ser suficiente. Por fim, inclua em seu planejamento de carreira contas básicas como estes, mas que baseadas numa correta e precisa gestão de custos em odontologia poderão ser de fundamental importância para seu presente e seu futuro.
Flávio Ribeiro
Cirurgião-dentista pela Faculdade de Odontologia de Nova Friburgo. Mestre em Gestão e Economia na Saúde na Universidade Federal de Pernambuco. MBA em Gestão de Serviços de Saúde pela Universidade Federal Fluminense. MBA Executivo Gerência de Saúde pela FGV.
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